Uma menina e o abuso na infância. O olhar em perspectiva, a cura e a transformação de uma mulher. 
Cuidar de si e sempre do outro, em especial das crianças, é elemento chave para entender os matizes dos comportamentos gerados por episódios de abuso ou violência sexual.  “O passado não cola mais em mim” é um sinal de alerta, piscando de forma incessante com o objetivo de contribuir e, talvez, incomodar.
É pelo transpassar das dores, que são reconhecidas as feridas e vivenciados os processos de cicatrização. O olhar em perspectiva da autora, ligando pontos, desfazendo nós e tecendo novas tramas permitiu o desvendar e o reconhecimento de sua inteireza. Ela busca os aprendizados, para assim mudar seu padrão de resposta e caminhar reafirmando a utopia por um novo mundo. Sua revolução fala de conteúdos do baú da alma, na procura por novas posturas, uma transformação profunda e criativa pela força da comunicação escrita.
Por mais de 50 anos, ela mirou o horizonte e seguiu seu caminho. Construiu um reino objetivo, dando saltos entre pedras (sobre) o abismo. Mas faltou-lhe a cura e a libertação, que acabou chegando através da escrita. (Revisitar o passado) lhe pareceu ser o caminho natural onde, através de uma narrativa densa e traços de muita leveza, pudesse desconstruir e ressignificar suas dores ancestrais, suas culpas, suas perdas, suas alegrias e seus desafios.